17/09/2018
A maioria dos exames solicitados por um reumatologista tem como função o processo de diagnóstico, ou ajuste do tratamento, da inflamação articular, em especial na artrite reumatoide. As alterações descritas na radiografia simples — apesar de bastante específicas —, surgem tardiamente, muitas vezes, demonstrando justamente a presença de lesões que o manejo da doença tem como objetivo que não ocorram, como as erosões.
Em função disso, segundo explica Dr. Mateus de Andrade Hernandes (CRM 125.633), médico radiologista especialista em radiologia musculoesquelética, o seguimento de pacientes com artrite inflamatória, principalmente de início recente, baseado no exame clínico e na radiografia convencional, pode levar à perda da fase da doença em que a intervenção terapêutica apropriada pode ser decisiva. “Além disso, a radiografia não é capaz de detectar alterações em estruturas como os tendões e as ênteses”, complementa o médico.
Uma ferramenta útil, de fácil realização e capaz de detectar alterações com maior acurácia que o exame físico e mais precocemente que a radiologia convencional é a ultrassonografia aliada ao recurso do Power Doppler. Dessa forma, é considerado um exame importante para o diagnóstico precoce da doença. Os aparelhos com transdutores de alta frequência permitem facilmente avaliar e quantificar a inflamação articular pelo Power Doppler. No entanto, a qualidade da ultrassonografia depende da utilização de equipamento adequado e da experiência do examinador, sendo essencial o seu conhecimento sobre os princípios, a técnica de realização e de anatomia, para o correto diagnóstico e posterior manejo clínico adequado, explica a especialista em radiologia musculoesquelética, Dra. Leonor Savarese (CRM 158.052).
Além da utilização da ultrassonografia para a avaliação do paciente reumatoide, este exame também é indicado para a detecção de tendinites, bursites e para o diagnóstico de entesites periféricas. Ainda há outras aplicações relevantes que incluem o apoio diagnóstico de Síndrome de Túnel do Carpo, a investigação de artropatias microcristalinas e até mesmo o controle de inflamações de glândulas salivares em síndrome de Sjögren. Já a ressonância magnética tem auxiliado a detecção precoce do edema da medula óssea, antes mesmo de haver alguma alteração visível à radiografia. “O exame se tornou parte integrante dos critérios de diagnóstico das espondiloartrites, pois representa o método de imagem mais relevante para sua classificação e monitoramento”, ressalta Dr. Mateus Hernandes.
O auxílio da ultrassonografia tem sido incentivado também na realização de procedimentos invasivos em reumatologia, a fim de orientar um melhor posicionamento das agulhas no local da aplicação. A infiltração intra-articular com corticosteroide é intervenção utilizada há mais de meio século para o tratamento de artropatias refratárias, seja como tratamento único, seja como adjunto à terapia sistêmica em muitas condições reumáticas. O ultrassom pode ser utilizado para guiar as infiltrações intra-articulares e melhorar sua precisão, principalmente em articulações profundas, em que há maior chance de erro de técnica. “A infiltração com corticosteroide guiada por ultrassonografia é um procedimento rápido, seguro e que diminui o risco de lesão de cartilagem, tendão, nervo e/ ou vasos”, finaliza Dra. Leonor.
http://www.reviders.com.br/edicoes/editoria/publieditorial/importancia-dos-exames-de-imagem-em-reumatologia/